Faltando apenas 37 dias para a eleição mais diferente do século 21, a maioria da população continua desinteressada e sem candidatos favoritos. Há apenas duas realidades distintas que estão sendo confirmadas pelas consultas internas e pelas pequisas.
A primeira é o fraco desempenho de Geraldo Alckmin, do PSDB, aqui em Santa Catarina. Há indicativos de que a lógica política pode explicar. Irrecusável admitir, como querem os tucanos, que o ex-governador paulista tem uma biografia inatacável. Entre outras qualidades, governou em quatro mandatos o maior Estado do Brasil, na prática, o segundo maior país da América Latina. Cidadão exemplar e ficha limpa sem condenação.
Carece de oxigenação popular porque tem uma retórica marcada pela serenidade, pelo equilíbrio, o que lhe rendeu o apelido de “picolé de chuchu”. Para uma platéia que anda cansada de coalizão, acordos e troca-troca, o acerto com o Centrão garante o maior tempo de TV, mas está afugentado uma parcela considerável de eleitores. Com estes apoiadores, que ontem eram aliados do lulopetismo, não fará as profundas reformas que o povo está pedindo há muito tempo.
Quem encarna hoje o voto do protesto, da mudança, de um governo diferente, é o deputado Jair Bolsonaro. Esta é a percepção de uma população cansada de tanta bagunça, violência, lixo na TV, desemprego, ataques à família, inversão de valores e desprezo a princípios, esta parcela descontente encontra no parlamentar a bandeira que procurava. De alguma forma, em seu forte discurso, Bolsonaro se apropriou da retórica que, em passado recente, era do PSDB.
Fonte: Moacir Pereira/Diário Catarinense