Na noite da última quarta-feira, dia 22, um homem entrou em uma pizzaria de Araranguá para chamar a ex-namorada que jantava com um grupo de colegas. No estacionamento do local, o homem tentou à força colocar a mulher no carro, puxando-a pelos cabelos. No entanto, Ulisses Gabriel, delegado de polícia civil, atualmente licenciado da função, flagrou a cena e impediu o sequestro.
“Eu havia acabado de chegar ao local e atendia uma ligação antes de entrar na pizzaria. Ao ver a agressão imediatamente fiz a intervenção. Ele saiu em fuga quando percebeu que eu era policial”, afirma o Delegado Ulisses Gabriel.
A vítima estava de carona no jantar e foi conduzida pela polícia militar até seu veículo que se encontrava em outro ponto da cidade. Segundo ela, esta foi a primeira vez que o ex a agrediu.
Violência contra a mulher
Momentos antes de chegar à pizzaria, o delegado havia recém-finalizado uma palestra para acadêmicos de Direito cujo tema era “segurança, combate à violência e processo penal” na Unisul. “O fato coincidiu com dados que sempre abordamos nas palestras sobre violência contra mulher. Eu faço questão de colocar em pauta estes números pois vivi de perto esse tipo de violência. Meu pai era alcoólatra e agredia minha mãe, felizmente isso parou há muito tempo, mas temos que lutar contra isso porque ainda é a realidade de muita gente”, revela Ulisses.
Polêmica: homens perseguem e mostram pênis às mulheres em Araranguá
Coforme o delegado, que atualemente está licenciado do cargo de presidente da Associação dos Delegados de Santa Catarina (Adepol) para se candidatar a deputado estadual, uma das perguntas mais intrigantes da palestra foi a que quastionava o que as mulheres que trafegam a pé ao redor do campus de Araranguá da Ufsc poderiam fazer ao serem abordadas por homens que as perseguem e mostram o pênis.
“É preciso cobrar urgentemente a criação de delegacias específicas da mulher por todo estado, aqui em Araranguá também. A falta de investimentos em segurança pública traz essa sensação de impunidade. Praticar ato obsceno em lugar público e perseguição são crimes e precisam ser combatidos com punições. Isso é um assunto muito sério e exige participação e cobrança de toda sociedade”, pontua o delegado Ulisses Gabriel.
O 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública revelou no início deste mês que, em 2017, o Brasil teve 221.238 registros de violência doméstica, o que significa 606 casos por dia. De todos os estados que informaram dados, as piores taxas estão em Santa Catarina, com 225,9 casos a cada 100 mil habitantes.