Os policiais civis de São Paulo envolvidos no tiroteio no estacionamento do prédio anexo de um hospital particular em Juiz de Fora tiveram a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva. A sentença foi proferida pelo juiz Paulo Tristão durante a audiência de custódia na tarde deste domingo (21), no Fórum Benjamin Colucci.
De acordo com a Lei 7.960/89, a prisão em flagrante tem prazo de duração de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. Com a prisão convertida para preventiva, não há mais prazo para que os policiais sejam soltos.
Os dois delegados e dois investigadores de São Paulo serão encaminhados para a Casa de Custódia do Policial Civil, em Belo Horizonte. Por questões de segurança, não foi divulgado quando eles serão transferidos.
O homem de 42 anos que foi atingido por múltiplos disparos de arma e está internado no Hospital Monte Sinai, também teve a prisão convertida para preventiva. Segundo a assessoria do Hospital Monte Sinai, ele passou por cirurgia na sexta-feira (19) e está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o quadro é grave e instável.
Na tarde de sexta, uma troca de tiros entre policiais civis de Minas Gerais e São Paulo, no estacionamento do prédio anexo do Hospital Monte Sinai, deixou um policial civil de Juiz de Fora, de 37 anos, morto.
Também teve a prisão convertida para preventiva o idoso de 66 anos que foi atingido por disparos no pé. Ele foi operado no Hospital Monte Sinai e segue na enfermaria. Por questão de sigilo, o hospital não divulgou o nome dos feridos.
Dinheiro falso
Na manhã de sábado (20), a Polícia Civil de Juiz de Fora informou que foram apreendidos cerca de R$ 15 milhões nos carros do grupo de São Paulo. A princípio, a maioria das notas seria falsificada.
Segundo o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), as malas estavam em dois carros localizados no subsolo do estacionamento, um deles com uma mala e um colete balístico; as outras seis contendo o dinheiro estavam em outro veículo.
O chefe do 4º Departamento de Polícia Civil, Carlos Roberto da Silveira, contou que os dois feridos internados não são policiais. Ele explicou que o paciente que foi operado no pé seria o dono dos cerca de R$ 15 milhões - sendo que cerca de R$ 1.500 eram verdadeiros - e tentaria aplicar um golpe.
Crimes
O Superintendente de Investigação de Polícia Judiciária, Carlos Capistrano, explicou que os seis envolvidos vão responder por homicídio, tentativa de estelionato, lavagem de dinheiro e prevaricação. “Quatro policiais civis do Estado de São Paulo vão responder por lavagem de dinheiro. Um dos autores que está no hospital em estado grave, está sendo autuado pelo crime de homicídio consumado. O outro, que também estava na cena do crime, é o proprietário do dinheiro, [responde] pelo estelionato tentado”.
Outros três policiais civis de Minas Gerais foram autuados pelo crime de prevaricação. Segundo o artigo de 319 do Código Penal, "retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal". A pena é detenção, de três meses a um ano, e multa. Eles respondem em liberdade.
Tiroteio no subsolo do estacionamento
De acordo com o Registro de Eventos de Defesa Social (Reds), as equipes foram acionadas após informações de um tiroteio no estacionamento no subsolo do prédio anexo do Hospital Monte Sinai por volta das 16h. No local, a PM encontrou o investigador Rodrigo Francisco morto.
Durante o registro da ocorrência, houve uma confusão na viatura da Polícia Civil de Juiz de Fora porque alguns dos agentes de São Paulo não queriam entregar as armas.
Após ser velado, o corpo do policial civil Rodrigo Francisco, 37 anos, foi sepultado na tarde deste sábado (20) no Cemitério Municipal de Juiz de Fora. Ele deixa esposa e uma filha de cinco anos.