O incidente ocorrido com o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) no último dia 6 de setembro revela muito mais do que uma simples agressão de cunho político. Acende um sinal de alerta para repensarmos o poder que a comunicação tem de influenciar atitudes extremas.
É sabido por todos, tanto os que apoiam Bolsonaro quanto os contrários, que o candidato assume posições bastantes polêmicas, as quais, muitas vezes, despertam a ira de certos grupos da sociedade. Porém são justamente essas ideias que o fazem ser quem é: um candidato diferente, que fala o que pensa, que é transparente e que não teme a censura do politicamente correto.
As pessoas que o apoiam conseguem enxergar em Bolsonaro aquele candidato que, em grande parte, “fala as coisas que todos querem falar e ouvir”. Mas como explicar tamanha ira dos que o são contrários?
Muitos fatores podem ser apresentados como possíveis causas. Um deles – e talvez o principal – é o fato de grande parte da mídia tradicional se posicionar contra ele, rotulando-o direta ou indiretamente de racista, machista, homofóbico, entre outros adjetivos extremamente pejorativos. E como “uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade”, muitas pessoas acabam por acreditar piamente nessas matérias tendenciosas, muitas das quais têm exclusivamente o condão de desconstruir a imagem do candidato.
Para dar provas do que alegam, geralmente reproduzem ou transcrevem trechos de entrevistas com declarações polêmicas que o candidato concedeu, tirando-as do contexto original em que foram feitas, e dando a entender que todos esses rótulos são procedentes.
Será que Bolsonaro é mesmo homofóbico, por exemplo? Bem, ele próprio repete exaustivamente que não é. Que seu posicionamento ríspido foi exclusivamente contra a implementação o tal “kit gay” – material escolar que possivelmente seria distribuído pelo Ministério da Educação (MEC) nas escolas públicas do país para crianças a partir de seis anos de idade.
Então,por que desse rótulo de homofóbico (entre outros) ser tão forte? Na maioria das entrevistas que o candidato concede – sempre prestativamente e de bom grado – as indagações dos profissionais da comunicação batem constantemente na mesma tecla.
São perguntas estratégicas, repetitivas, sempre sobre temas polêmicos, os quais o candidato assume posições firmes e contundentes, principalmente no que tange a área de segurança pública, ao período da intervenção militar e aos direitos das minorias.
Parece que o papel de certos jornalistas é exclusivamente o de atingir o “calcanhar de Aquiles” do candidato. Sua postura conservadora, em defesa da família, da ordem, da propriedade, dos bons costumes, das corporações militares, etc. fazem Bolsonaro proferir respostas polêmicas aquelas perguntas. Isso torna os seus seguidores ainda mais seguidores e os seus “haters” ainda mais contrários.
Talvez o presidenciável tenha um grau considerável de ingenuidade e falta de jogo de cintura para se esquivar de forma mais inteligente dessas perguntas tendenciosas. Talvez lhe falte uma melhor estratégia de campanha para surfar sobre a onda de ataques que partem de todos os lados, e sair por cima.
Bolsonaro tem o principal: o apoio maciço da população brasileira. Mesmo que a grande mídia tente ocultar, nunca se viu um candidato com tantos apoiadores voluntários. Pessoas se reúnem para patrocinar outdoors por todos os lados com seus próprios recursos. Milhares de eufóricos simpatizantes lotam aeroportos a cada aterrisagem do “mito”, e o seguem pelas ruas em campanha.
Quanto ao fatídico episódio recente, diz-se por aí que “ninguém chuta a cabeça de cachorro morto”. Se ele sofreu esse atentado é porque está incomodando muita gente grande. Conforme relatou em entrevista o filho do candidato, Flávio Bolsonaro, parte da mídia que vive a atacá-lo é bastante responsável por esse triste episódio.
Precisamos, enquanto cidadãos, nos precaver. Hoje em dia, com as redes sociais, é muito fácil compartilhar uma notícia tendenciosa, que tenha o intuito de denegrir a imagem de certa pessoa. E isso pode estar, indiretamente, contribuindo para fomentar atitudes radicais como essa. Ninguém é obrigado a concordar com o que ele prega, mas sim, a respeitar.