Dois dias depois do anúncio do plano de retomada econômica – na prática, o relaxamento da quarentena em SC – o governador Carlos Moisés (PSL) admitiu a possibilidade de voltar atrás durante a coletiva de imprensa na manhã deste sábado (28). Jogou a responsabilidade no governo federal, que ainda não enviou equipamentos de proteção individual e aparelhagem para os novos leitos de UTI, que o Estado pretende abrir.
Críticas ao afrouxamento das medidas de quarentena em SC vieram de todos os lados. Inclusive das redes sociais, o mais novo e temido espaço de linchamento público. A hashtag “SC não quer morrer” chegou a figurar entre os assuntos mais comentados do twitter na sexta-feira.
Ao colocar um possível adiamento da reabertura do comércio na conta do Palácio do Planalto, Moisés pode resolver dois problemas: atende aos apelos para que a quarentena seja mantida, e descola de si a responsabilidade por isso.
Há duas leituras diferentes a serem feitas. O governador oscila porque cede com facilidade? Ou encontrou um motivo forte o suficiente para manter o fechamento, sem ser apontado como o responsável por isso?
O governo Moisés não se mostrou tão maleável e tão aberto a opiniões externas na discussão dos incentivos fiscais, por exemplo. O que nos leva à segunda opção.
Nesse cenário, Moisés devolve a Bolsonaro a responsabilidade pelo agravamento da crise econômica, decorrente da pandemia, e ainda descola sua imagem de um delirante presidente da República.
No xadrez da política, pode ser uma jogada de mestre.
Fonte: Nsc