Empresa de Criciúma é acusada de aplicar milhares de golpes em todo Brasil

A empresa está recebendo processos de todo o país.

Por Tcharlles Fernandes
Página da empresa, no Instagram.

Milhares de pessoas em todo Brasil alegam que foram enganadas por uma agência de viagens fundada em Criciúma. A NewTrip Viagens, até fechar as portas, estava localizada na rua Giacomo Sonego, no bairro Pinheirinho.

Até o momento, em ao menos 18 estados, 206 processos já foram ajuizados contra a empresa. As vítimas tentam, através da Justiça, uma reparação. De acordo com inúmeros clientes, a empresa recebia o dinheiro das vítimas e não emitia os bilhetes aéreos, se apoderando do valor das passagens e deixando de dar satisfações. 

Em vídeos e fotos disponíveis nas redes sociais dos fundadorores da empresa, identificados como Lidiane da Silva Radtke e Felipe Bittencourt Corrêa, é possível ver a vida de luxo que eles levam. Estima-se que o valor do golpe ultrapasse R$ 5 milhões.

Uma das vítimas, identificada como Josiane Pedrosa, de Fortaleza (CE), procurou a nossa reportagem e contou alguns detalhes. 

Comprei duas passagens aéreas um pouco antes de começar a pandemia, mas aos poucos eu comecei a suspeitar de um golpe. Eu percebi que realmente estava sendo enganada, pois eles me davam milhões de prazos e nunca cumpriam nenhum. Depois disso, eu decidi que não queria remarcar minha viagem e, sim, meu dinheiro de volta. Até agora não recebi um real, falou. 

Em pesquisa no site do Reclame Aqui, mais de 260 denúncias contra a empresa tinham sido realizadas até a manhã desta sexta-feira (29). 

Para o morador da cidade de Uberlândia (MG), Rodrigo Rocha, a viagem que ele faria para Espanha era um sonho antigo, que foi bem planejado. 

A empresa parecia ser confiável. O atendimento deles era excelente. Mais ou menos um mês antes de eu embarcar eu descobri, por conta própria, que a companhia aérea havia cancelado o voo. Ao procurar a Lidiane, ela me bloqueou e até agora não me reembolsaram. Foi um choque, disse Rodrigo.

Reclamações por todas as partes

Reclamação feita na página da empresa, no Facebook. 

Alguns passageiros chegaram a fazer a viagem de ida, mas ficaram sem assistência da empresa para voltar ao Brasil. 

São diversos os relatos. Outra reclamação são por parte de pessoas que adquiriram franquia da empresa e que funcionavam como uma extensão da agência. As vítimas contam que foram induzidos a comprar milhas aéreas e que não tiveram o dinheiro investido de volta.

Fiquei no prejuízo ao vender milhas. Com pagamentos programados para os meses de abril e maio, tive um pouco de esperança, porém não aconteceu. Em negociação proposta por eles foi feito um parcelamento, a dívida era de R$ 95 mil, também não foi arcado, mesmo tendo sido parcelado em 10 vezes esse saldo”, falou um ex-franqueado.

Consciência limpa

Lidiane, em uma de suas viagens.

Procurada, Lidiane contou que está tranquila em relação as acusações.

Em relação aos reembolsos, temos muitos a fazer. Porém, a gente não está contra a lei. Pra você entender, a Medida Provisória 1101/22, publicada dia 22/02/22, prorroga para 2023 o prazo para reembolso de reservas turísticas, shows e festivais e outros serviços culturais e turísticos cancelados pela pandemia do novo coronavírus. Mesmo assim, para alguns clientes temos até dezembro deste ano para pagar e para outros até dezembro do ano que vem, disse Lidiane.

Questionada sobre as denúncias realizadas por alguns funcionários, que ainda não receberam as verbas indenizatórias trabalhistas, a empresária não se manifestou.

Lidiane ressaltou que a empresa não está mais vendendo pacotes de viagens, mesmo estando com a situação cadastral ativa.

Nós paramos todas as operações quando as coisas ficaram difíceis. Agora, estamos com um novo projeto de reestruturação para iniciarmos outra vez. Para pagar nossas contas teremos que fazer vendas e vamos trabalhar pra isso, finalizou.

Investigações

De acordo com o delegado da Polícia Civil (PC) Thiago Arantes, apenas no Distrito Federal (DF), 17 casos são investigados. Ao menos oito casos já são considerados crimes, uma vez que as datas das viagens já passaram.

Se condenados por estelionato, os empresários podem pegar até 5 anos de reclusão.

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