O candidato a prefeito de Criciúma, Vagner Espíndola (PSD), chamou de canalha o empresário Paulo Sergio Reichle, proprietário do crematório e funerária Millenium, em Içara.
Através da imprensa, Paulo foi um dos responsáveis por realizar as primeiras denúncias sobre as irregularidades da Central de Serviços Funerários em Criciúma.
No dia 31/08/2021, durante uma entrevista em um programa da rádio Som Maior, Paulo repercutiu a votação na Câmara de Vereadores de Criciúma sobre o Projeto de Lei Complementar (PLC) 34/2021, de autoria do Poder Executivo. A proposta visava alterar a entidade responsável pela fiscalização dos serviços funerários em Criciúma, transferindo a atribuição da Secretaria Municipal de Assistência Social para a Divisão de Fiscalização Urbana (DFU). Além disso, o projeto permitiria que o Poder Executivo do município terceirizasse a gestão dos serviços funerários na cidade.
A entrevista de Paulo foi compartilhada diversas vezes via WhatsApp pelo então Secretário de Assistência Social de Criciúma, Bruno Ferreira (PSD). Bruno encontra-se preso desde o dia 5 de agosto, quando policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram um mandado de prisão preventiva contra ele.
Entre os contatos de Bruno que receberam a entrevista, estava Vagner Espíndola, que na época era Gestor do Comitê de Governança do município. Na conversa com Bruno, além de chamar Paulo de canalha pelo fato do empresário estar denunciando as irregularidades da Central Funerária, Vagner também disse que o empresário só “atrapalhava a gestão”. Leia o diálogo:
Procurado para se manifestar sobre o caso, Paulo mostrou-se incrédulo com a ofensa proferida pelo candidato do PSD.
É lamentável ser rotulado de “canalha” por agir com integridade e denunciar irregularidades no setor funerário. No entanto, essa reação apenas evidencia a distorção dos valores de quem assim procede. Um gestor público tem o dever de investigar as denúncias de irregularidades. Nós, do Crematório e Funerária Millenium, pautamo-nos pela transparência, responsabilidade, respeito, acolhimento e segurança das famílias enlutadas. Quando identificamos o descumprimento da lei e a ocorrência de irregularidades, não hesitamos em denunciar. O nosso compromisso é sempre trabalhar de acordo com a lei e com a mais elevada responsabilidade para com os nossos clientes, disse o empresário.
Até o momento, o Gaeco já deflagrou duas operações (Mercadores da Morte e Caronte) relacionadas as investigações que apuraram irregularidades na Central Funerária de Criciúna. Por decisão da Desembargadora Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), sete pessoas que possuem relação com o esquema criminoso estão presas. O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSD), também está sendo investigado. As apurações continuam.