Com apoio de pastor da Assembleia de Deus, empresário de Criciúma é acusado de aplicar diversos golpes pelo estado

Homem prometia rendimentos de 8% ao mês a partir de qualquer valor investido.

Por Tcharlles Fernandes
Maurício Veinhal, fundador da empresa Duplicar intermediações.

Um morador de Criciúma, identificado como Maurício Veinhal, de 34 anos, através da empresa Duplicar intermediações, com sede na Avenida Centenário, no Centro de Criciúma, está sendo acusado de operar uma pirâmide financeira supostamente baseada em investimendo de criptomoedas e causar um prejuízo de mais de R$ 12 milhões em investidores espalhados por todo estado de Santa Catarina. Com auxílio de um pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus do município de Meleiro (SC), acredita-se que mais de 50 pessoas tenham sido lesadas. A função do pastor, conforme apurado, era cooptar novas vítimas.

Como Maurício operava

Após atrair novos interessados, Maurício apresentava um modelo de negócio de uma suposta locação de criptomoedas que renderia um aluguel mensal para os investidores de 8% ao mês a partir de qualquer valor investido, retorno muito acima da renda fixa e com garantia de ganho incompatível com o mercado de renda variável — em especial o segmento de ativos digitais, conhecido por sua alta volatilidade.

Os valores investidos pelos clientes eram depositados na conta da Duplicar, empresa administrada por Maurício. O acesso as informações de extrato, rendimento e retiradas eram feitos através de um site, que não se encontra mais disponível.  

Segundo uma uma das vítimas, os valores mensais dos supostos ganhos poderiam ser sacados ou utilizados para compra de produtos de outra empresa de propriedade de Maurício, a Duplicar Store, localizada no mesmo endereço da Duplicar intermediações.

As vítimas começaram a perceber que haviam caído em um golpe quando março de 2023, ao solicitar o saque dos rendimentos, se deparam com uma mensagem no site por onde acompanham as movimentações dos seus investimentos.

Comunicado exibido no site onde as vítimas faziam os saques.

Ao ser questionado, Maurício inicialmente disse se tratar de um problema no sistema, depois de um bloqueio na conta de locações de criptomoedas e, por fim, que a empresa se encontrava insolvente, sem condições de realizar os pagamentos. Desde então, diariamente vem surgindo novas vítimas em toda a região.

O pastor no crime

Um pastor da igreja Assembleia de Deus da cidade de Meleiro, sogro de um dos gerentes da empresa Duplicar, seria peça a fundamental no esquema de pirâmide desenvolvida por Maurício. Uma das vítimas do grupo, conversou com nossa reportagem na tarde desta quinta-feira (06).

Há anos eu frequento a igreja e sempre tive muita confiança nos meus pastores. Em determinado dia, o pastor me ligou dizendo ter conhecimento de um bom negócio, que era um investimento que rendia 8% ao mês. O genro do pastor era gerente da empresa e um dos responsáveis por fazer os investimentos. Em determinado dia, eu recebi eles na minha casa, onde me convenceram em fazer inicialmente um investimento de R$ 50.000,00, que me daria direito a 8% ao mês. Eles me falaram ainda que no final do ano, eu teria direito ao valor integral investido. Depois disso, eu ainda fiz mais um depósito de R$ 30.000,00 na conta da Duplicar. No final do primeiro mês eles me ligaram perguntando se eu queria sacar o dinheiro ou reinvestir o lucro, eu disse que gostaria de reinvestir. Fiz isso por três meses. Eu ainda entreguei o carro da minha esposa para eles. Levei da minha casa até Criciúma. Eu fui no carro que entreguei para eles e o pastor foi em outro para me trazer embora. Passado alguns meses, parei de receber e fui cobrar o pastor, onde ele me deu um monte de desculpas. Descobri através de uns amigos que cai em um golpe. Tive um prejuízo de cerca de R$ 140.000,00, disse.

Empresa enfrenta diversos processos.

Processos

Ainda ativa, a empresa Duplicar intermediações, que em 2021 chegou a ser anunciada como patrocinadora oficial do time feminino do Criciúma E.C/FME, enfrenta alguns processos judiciais de pessoas que foram vítimas da pirâmide. Além disso, nos últimos dias, diversos registros de boletins de ocorrência vem sendo confeccionados na Polícia Civil (PC) com intenção que o caso seja investigado.

Estivemos no endereço da empresa Duplicar, no Centro de Criciúma, porém o local foi desocupado.

Via WhatsApp, Maurício resumiu-se a dizer que as informações sobre sua empresa são falsas, não respondendo os demais questionamentos realizados pela nossa equipe.

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